Friday, October 30, 2009

Estoria da Estoria III

A mulher e seus peixes.
Eva trabalha numa loja de aquarios e peixes ornamentais.
Num local tão improvável quanto o segundo subsolo de um shopping de periferia. Nivel -2 do estacionamento.

Eva tem dois filhos. O marido desapareceu, um dia.

Tuesday, October 27, 2009

Brasilia: cosmopolitismo suburbano

Longe dos predios anos 50 da administração federal, longe dos casarões espalhados nas beiradas do lago, Brasilia é recheada de sinais indicando a elementos de sua historia demografica recente. Uma cidade de imigrantes em varios níveis: desde os nordestinos vindos na poeira dos tratores cinquenta anos atras, até a classe média elevada a funcionalismo público federal ou distrital, transportada em mala, cuia, cadernos de estudos, e publicações preparatórias para exames de admissão à carreira pública, para pleno cerrado central.

Então eu saio a andar pelas quadras do Sudoeste, por exemplo, e descubro, espantado, a quantidade enorme de salões de beleza espalhados. Apinhados: dois, tres, quatro, cinco até, por quadra. De onde vem a demanda por tantos salões de beleza? Da população jovem, solteira, chegada a não-muito tempo de outras paragens. Ao regime de trabalho de seis horas, que deixa sempre tempo livre para refazer as unhas, arrumar o cabelo, antes de almoçar no self-service perto de casa e partir para o trabalho.

Retraco meus passos pela mesma região, escarafinchando cantos de quadras, superblocos, ruas sem saída: nessa região cara de morar - para uma classe média recém chegada - com filas enormes de potenciais inquilinos em busca de apartamentos para alugar, é impossível encontrar uma livraria. Nem um sebo, sequer.

Amsterdam. Ian McEwan III


"Each day he made attempts, little sketches, bold stabs, but he produced nothing but quotations, thinly or well disguised, of his own work. Nothing sprang free in its own idiom, with its own authority, to offer the element of surprise that would be the guarantee of originality."

(...)

"We know so little about each other. We lie mostly submerged, like ice floes, with our visible social selves projecting only cool and white. Here was a rare sight below the waves, of a man's privacy and turmoil, of his dignity upended by the overpowering necessity of pure fantasy, pure thought, by the irreducible human element - mind."


"Cada dia ele experimentava, pequenos esboços, tentativas arrojadas, mas não produzia nada além de citações, bem ou mal disfarçadas, do seu próprio trabalho. Nada surgia livre em sua própria lingua, com autoridade própria, para oferecer o elemento de surpresa que seria a garantia de orginalidade."

(...)

"Sabemos tão pouco uns dos outros. Existimos quase completamente submersos, como icebergs, nosso eu visível projetando apenas brancura e frescor. Aqui estava uma visão rara por sob as ondas, da privacidade e desordem de um homem, sua dignidade subjugada pela irresistível necessidade da pura fantasia, do puro pensamento, por esse elemento humano irredutível – a mente."

- Tradução: Iran Rodrigues

Estoria da Estoria II

Planes turning in scrap metal at the airports in Rio de Janeiro, São Paulo, Cape Cod.
Rusting in thin air.
Forgotten by the runaways continuously treaded by newer machines, silently watching their newer counterparts going by, while the stain of rusting metal goes unwashed by uncounted rainfalls. Slowly being disembodied; repository of scrap parts and reminders of a history of air travel in Brazil.
The man who repairs planes, but never flew.
Colorado/Arizona plane cemetery.

Saturday, October 24, 2009

Hombre y su niña. La niña y su hombre


Passing days.

At the Botanical Gardens. Buenos Aires, Argentina.
Una mezcla di esperanza y resignación.
Soy yo. Somos nosotros.

"Un dia, quizás? Más probable que non. Che continuamo ad essere solo un uomo perduto nei libri, nelle estorie, nela sua stessa negazione di vivere; di vivere, poi, la sua stessa vita."

Guimarães Rosa en español


Gran Sertón: Veredas
Publicado en Argentina: junio de 2009

"Le explico: el diablo rige dentro del hombre, en las asperezas del hombre - o es el hombre arruinado, o el hombre de los reveses. Suelto, por sí, ciudadano, no hay diablo alguno. ¡Ni unito, es lo que le digo! ¿Concuerda? Sea franco conmigo: es alta merced que me hace; pedir eso puedo, encarecidamente."
- Tradução: Florencia Garramuño y Gonzalo Aguilar 

Monday, October 5, 2009

On Art and Literature - Marcel Proust I


A race accursed

Other voices, other rooms - Truman Capote IV

"But we are alone, darling child, terribly, isolated from each other; so fierce is the world's ridicule we cannot speak or show our tenderness; for us, death is stronger than life, it pulls like a wind through the dark, all our cries burlesqued in joyless laughter; and with the garbage of loneliness stuffed down us until our guts burst bleeding green, we go screaming round the world, dying in our rented rooms, nightmare hotels, eternal homes of the transient heart."

-- Capote is brilliant in this book.
Metaphors, hyperboles, innuendos, irony, come around in every paragraph. The exotic scent of a luxuriant, decrepit and maddening hot South is everywhere to be found.
The speaker here reminds me of Marcel Proust in his room, dreamily writing about the Marquis de Quercy and "a race accursed".

Other voices, Other rooms - Truman Capote III



"Let me begin by telling you that I was in love. An ordinary statement, to be sure, but not an ordinary fact, for so few of us learn that love is tenderness, and tenderness is not, as a fair proportion suspect, pity; and still fewer know that happiness in love is not the absolute focusing of all emotion in another: one has always to love a good many things which the beloved must come only to symbolize; the true beloveds of this world are in their lover's eyes lilac opening, ship lights, school bells, a landscape, remembered conversations, friends, a child's Sunday, lost voices, one's favorite suit, autumn and all seasons, memory, yes, it being the earth and water of existence, memory."

"Deixe-me começar dizendo que eu estava apaixonado. Uma declaração ordinária, é verdade, mas não um fato ordinário, já que tão poucos entre nós aprendem que amor é ternura e ternura não é, como uma grande parte suspeita, pena; e ainda menos dentre nós sabem que felicidade no amor não consiste na concentração absoluta de uma emoção em outra: é preciso sempre amar muitas coisas que a pessoa amada chega apenas a simbolizar; nesse mundo, aqueles verdadeiramente amados são, aos olhos de quem os ama, liláses se abrindo, as luzes de um navio, sinos da escola, uma paisagem, conversas relembradas, amigos, o Domingo de uma criança, vozes perdidas, o terno favorito, outono e todas as estações, memória, sim, essa sendo terra e água da existência, memória."
- Tradução: Iran Rodrigues

Fragmento I

sonhara que havia rompido relacoes consigo. Suando num calor de agosto, acordara lentamente consciente de que agora sim, sem rompantes de raiva __, ela havia enfim partido. Rasgado todas as fotos, queimado as fitas com as gravacoes no estudio, quebrado a porcelana que compramos em Yorkshire, trocado a fechadura das portas, jogado fora os lençóis de cama, entornado imbebidas as garrafas de champagne e os vinhos de bourdeaux, espicaçado em centenas de pequenos pedacos coloridos os cartões de natal, de aniversário, de saudades, de vontadedeteverdenovo, os bilhetes deixados na porta da geladeira, as fotos juntos com os jacarés e até os guarda copos que trouxemos de cedar key...

Friday, October 2, 2009

Other voices, other rooms - Truman Capote II

"Joel gazed down on the jumbled green, trying to picture the music room and the dancers (...), but the willows were willows and the goldenrod goldenrod and the dancers dead and lost. The yellow tabby slunk through the lilac into tall, concealing grass, and the garden was glazed and secret and still."

Thursday, October 1, 2009

Other voices, other rooms - Truman Capote

"The Brain may take advice, but not the heart, and love, having no geography, knows no boundaries"