Monday, March 22, 2010

As Naus - Antonio Lobo Antunes

"Os semáfaros da Avenida Almirante Reis empurravam o trânsito na direcçao do largo de contrabandistas to Martim Moniz e das suas violas de pedintes que repretem até ao delírio queixumes de calafates desamparados de mar. o senhor Francisco Xavier chamou-me do balcão, a fechar o livro numa imponência eclesiástica, e dei com a mulata vestida de fantoche ou de palhaço de circo como a rapariga dos sapatos de homem, de carapinha apanhada num carrapito de laços, unhas prateadas, baton, pálpebras verdes e uma vírgula de espanto na testa franzida. A velha, de agulha na mão, compunha-lhe à pressa as pregas de lamê das ancas.
 -- A tua esposa vai trabalhar lá em baixo num bar até a contazinha da pensão ficar paga, decididiu o indiano a esfregar com empenho a fazendas das virilhas. Se as coisas nos correrem bem, rapaz, daquei a nada é melhor do que três cinemas em Lourenço Marques."

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