Wednesday, December 30, 2009

Technological Innovations - I

How about a history of reverse engineered technological innovations over the centuries? Technological diffusion. Which (and how was done) new technologies and machines were kept from being developed or used by other countries?

Saturday, December 12, 2009

Fotografia - Caio Fernando Abreu


FOTOGRAFIA
Caio Fernando Abreu
Inventário do Ir-remediável (1995)

Sentada aqui, desde não sei quando, olho à esquerda, olho em frente, em cima olho quase tonta de não encontrar, olham também da mesa ao lado, já perguntei as horas duas vezes, não, três, o cara respondeu direito da primeira vez, da segunda me olhou oblíquo, na terceira comentou qualquer coisa com a mulher, deve ter dito coitada, levou o bolo, me dá nojo, não exatamente nojo, que é uma coisa de estômago que se derrama viscosa pelos outros, atingindo tudo em torno, esverdeada, não, nem ódio, que é grande demais, não cabe dentro de mim, da minha arquitetura frágil de mulher magra, as pernas finas suportando não sei como os ombros e o tamanho dos olhos, o ódio seria demais, eu tropeçaria toda atrapalhada com meu próprio peso, a raiva é mais mansa e eu me sinto capaz de suportá-la, a raiva cabe em mim porque não permanece, e as coisas só adentram em mim quando podem escapar em seguida, eu sufoco, sei bem, sufoco e quase esmago as coisas, as gentes também, apenas ultrapassam numa, rapidez de quem não olha para trás e vai seguindo em frente, fraca demais para ser barreira, transparente, porosa feito cortina de fumaça, não, não exata mente, a fumaça ao menos faz os olhos ficarem vermelhos, provoca tosse, eu não consigo abalar ninguém, um plástico, material sintético, teve pena certa, eu não quero que tenham pena de mim, dói mais que tudo os outros olhando de cima, constatando a fraqueza nossa, a nossa inferioridade, quero que me olhem do mesmo plano, se ele quer comentar alguma coisa com sua companheira que diga lembra? Uma vez que eu também esperei por você assim, você não vinha, não vinha nunca, eu fumava, eu bebia, eu esperava e você não vinha, mas acabou vindo e está aqui, agora, vendo uma moça que espera como eu esperei você naquele dia, parece que daqui a pouco ele vai me dizer as horas sem eu perguntar, não como se estivesse se dobrando num jeito de amigo, mas como se me agredisse lançando a espera inútil no meu rosto, esqueci completamente as horas, não sei se estou aqui desde ontem, desde sempre, parece que já choveu, já fez vento e garoa, que o amarelo das folhas sobre a calçada é do outono passado, não deste, parece que já é inverno gelando a gente por dentro, que o verão pesa nas pálpebras tornando lentos os gestos, dessa preguiça no andar como se a cada instante agente morresse, mas esse salto por dentro é primavera impulsionando para um verde renascido, garoa morna, fina, quieta nesse jeito de colocar os olhos longe, um longe despido de barreiras, ah essa toalha azul axadrezada de branco, o círculo úmido do copo onde uma mosca se debate, a minha bolsa, o maço quase vazio de cigarros, duas garrafas vazias de coca-cola, o cinzeiro cheio de pontas, essa música indefinida machucando por dentro, como se estivesse desde sempre aqui, escorregando devagar, as notas feito pingos de chuva na vidraça abaixada, vontade de dizer um palavrão, esses dois me olhando, assim, gozando, rindo da minha espera, mesmo o garçom de paletó branco, um dente de ouro na frente, vai escurecendo, trinta e duas tábuas no teto, gente saindo, passando, tivesse ao menos um jornal para disfarçar, não adianta, que horas serão, meu Deus, não quero perguntar outra vez, vai ficar muito evidente, já mudei mil vezes de posição na cadeira, não encontro o jeito, seria necessário um jeito específico de esperar, é medo o que eu tenho? Não sei, de repente me encolho toda; um movimento interior de defesa eriçado por um sentimento que desconheço, da mesa ao lado eles levantam, vão saindo, indo embora lentos, o garçom desaparece ao lado do balcão, começa a anoitecer, todos os relÓgios estão parados, não sei se é ontem, se hoje ou amanhã, se é sempre, se nunca mais, estou solta aqui, completamente só, não há relógios, não há relógios e o tempo avança liberto, sem fronteiras nem limitaçÕes, uma bola de arame farpado, o sentimento vai se adensando em mim, transborda dos olhos, das mãos, sai pela boca em forma de fumaça, sinto meus lábios ressequidos, machucados, o gosto amargo, a bola cresce estendendo tentáculos, no meio dela eu me encolho cada vez mais, presa num círculo que cresce até explodir na vontade contida de gritar bem alto, bem fundo, rouca, exausta, correndo, esmagando as folhas de um outro outono, de um outro tempo, ainda este, o tempo, o outono, a tarde, o mundo, a esfera, a espera em que estou para sempre presa.

Friday, December 11, 2009

Chromotherapy - Colors and words

 
On a window sill, water-filled colored glasses sit through the day: Violet for meditation, elevation, these subtleties; Blue for words and throat; Green for lungs and heart; Yellow washing liver, intestines, calming anxiety; orange and sex; and finally Red, centered on the sill, more exposed to the sun. Red for the structure of my path. Legs and feet. My armchair, my walking stick, my road diverging in two.

Friday, November 27, 2009

Fotografie - O un racconto con gli occhi chiusi

 
Aveva i capelli lisci, neri e non molto corti, che battevano sul collo quando si muoveva. Non parlava molto, ma aveva gli occhi neri che, grandi, sembravano talvolta scintillare sotto le ciglia anche scure e che si progettavano improvvisamente, cosi quasi troppo. Un pò magra, aveva le braccia lunghe per la sua altezza di un metro e sessanta e pochi centimetri, e portava sempre solo un piccolo anello nel terzo dito della sua mano sinistra. Non aveva cicatrici visibili né rughe ma, come se fosse un tatuaggio, usava sempre un cammeo sulla carnagione chiara della pelle, eredità di una nonna che non aveva conosciuto mai. Le sue labbra cambiavano colore, quando sorrideva molto. Diventavano un rosso piu scuro. 

Aveva ventidue anni, già tanti anni fa, quando ci siamo conosciuto nell’università nel nord-est del Brasile. Portava sempre con se una macchina fotografica. A quel tempo lei aveva già abitato in alcuni paesi del Sud America con la sua famiglia, accompagnando il padre che si trasferiva tante volte per lavoro. A volte mi ha parlato dei suoi viaggi e mi ha mostrato molte fotografie. Poche erano dei luoghi e delle città che aveva conosciuto. La maggior parte mostrava solo piccoli oggetti, e molte volte appena parte d’un oggetto: una vecchia porta, uno cancello semiaperto, uno vaso di fiori, i marciapiedi vuoti. Svilupava e stampava le foto. Bianco e nero. E mi parlava di tutte quei pezze di cose. Aveva un’immaginazione. 

Non le piacevano molto le attività sociale. Le piaceva stare da sola o con pochi amici. Amava bere l’espresso. Macchiato. Noi conversavamo. Lei mi incantava.

Sono dieci anni che non ci parliamo, ma mi inviava una foto ogni anno, con una breve storia scritta sul retro.
Sono tre anni che non ricevo nulla.

Wednesday, November 25, 2009

Genius: The 99% of my lifetime-sweating rule

  
What's in the making of  (at least some) "geniuses," from Mozart to Tiger Woods?
How much of it is DNA?
And how much of it is unrelentingly-hard-concentrated-super-focused-slowly-built-effort?

Sure DNA plays a role (I'll never forget the way I felt when, many times, after my daily three-hours practice, this friend would stop by my place, sit on the chair, fiddle with the cello, and make it sound, nicely - without having ever studied music..), but we can help it..

"The primary trait she possesses is not some mysterious genius. It’s the ability to develop a deliberate, strenuous and boring practice routine."
See David Brooks' article here.

Some books on this (Daniel Coyle, Malcom Gladwell, Geoff Colvin):      

Saturday, November 21, 2009

Milton Hatoum - Dois Irmãos I




"Domingas, a cunhatã mirrada, meio escrava, meio ama, 'louca para ser livre', como ela me disse certa vez, cansada, derrotada, entregue ao feitiço da família, não muito diferente das outras empregadas da vizinhança, alfabetizadas, educadas pelas religiosas das missões, mas todas vivendo nos fundos da casa, muito perto da cerca ou do muro, onde dormiam com seus sonhos de liberdade." (50)


-- Dois Irmãos é um livro forte. A prosa de Hatoum é desconcertante: desenhando com palavras as cores e os cheiros de uma Manaus que já não existe mais; escrevendo a estória de uma família e ponteando o esgarçar das vidas, com o tempo. O fim de um ciclo. De imigrantes e curumins misturados ao cheiro de mercadoria mofando no depósito, um Líbano desaparecido, junto com as gentes, e as coisas ao seu redor.

Thursday, November 19, 2009

Buscando cristais

Ele tinha os olhos de um azul meio embaçado, leitoso, e um sorriso largo, e um tanto timido.
Devia ter mais de sessenta anos, e falava repetindo baixinho frases ou pedaços de frases que acabara de dizer.
Com pouco mais de um metro e sessenta e cinco de altura, tinha o rosto marcado por rugas da idade e, como vim a saber mais tarde,  de muitos anos de exposição ao sol, caçando pedras preciosas e encontrando cristais de quartzo no cerrado em que a cidade fora construida.

Chegara ali em 1958, a cidade ainda em construção. Numa das levas que trouxe milhares de brasileiros para os improváveis canteiros de construção em pleno planalto central, a capital de um país inteiro sendo transladada em poucos anos desde a beira de um mar azul, encravada numa baía de uma beleza difícil de descrever em palavras, para um semi-deserto de céu muito azul e chuvas torrenciais, tão longe do mar quanto da história que até ali se contara, do país.

Veio como operário, mas logo se encantou com a idéia de encontrar uma pedra brilhante, e passava dias de folga enterrado em valas no noroeste da cidade, recolhendo cristais. Recolhendo, porque os brotões e as valas com as pedras brotando estavam quase a céu aberto. Ele cavava um pouco, recolhia os cristais, e os vendia, muitas vezes, a estrangeiros de passagem pela cidade, hospedados no hotel nacional.

O hotel nacional era  o mais luxuoso complexo de hotel e comércio que existia na época, hoje um símbolo de como um conjunto de arquitetura e serviços pode parar no tempo, os quartos cheirando à fumaça de milhares de cigarros impregnada na madeira, janelas, cortinas, e pintura. O saguão imponente ostentando o mármore escurecido pelo tempo, a mobília antiga, e uma aparência leve de abandono que se estende a todo o prédio, sugerida por uma mistura de sinais de descuido por dentro e fora, paredes externas deixando ver aqui e ali resquícios de inúmeras camadas de tinta branca, e um level odor de azedo recobrindo as dependências, o jardim da entrada, e a ruazinha privada que corre por trás do complexo, portão de entrada dos suprimentos,  empregados, e serviços oferecidos pelo hotel.

Ainda tem vários cristais coloridos, guardados em casa desde aquela época. Vendeu muitos cristais aos estrangeiros, ele disse, embora não pudesse cobrar muito caro pelas pedras. Mas só pra quem vinha de outros países, porque brasileiros mesmo, esses olhavam e não tinham o menor interesse.

Monday, November 16, 2009

Looking intently: what you want to see? (plain nonsense)

Brooke is pretty, snappy, glamorous, and has a well-paying job.
Drives a shiny new car, has her hair done four times a week, her nails once, and wakes up early every day to sweat and puff in tightly colorful clothes at the gym near her place.

After a twenty minute commute, listening to bursting-recent, on the charts, Mtv awarded songs, she spends a good part of her day divided between interviews with high-profile customers and writing legal pieces and preparing for appellate court briefs and oral arguments.

Wearing large sunglasses with lightly yellow coated lens, she drives talking on the phone or to somebody on the passenger seat, while looking uninterestedly to the landscape by the road. What does she see? Where is she looking at?

At nights, on the large soft couch at the center of her loft by the Park, or out on the dancing floor of a club she likes to go, she looks at the women, noticing every little detail, the matching of the rings, dress, shoes, watches. She sees them, I am sure, quite well.

Saturday, November 7, 2009

Drummond I - Liquidação




"A casa foi vendida com todas as lembranças
todos os móveis
todos os pesadelos
todos os pecados cometidos ou em via de cometer
a casa foi vendida com seu bater de portas
com seu vento encanado sua vista do mundo
seus imponderáveis

por vinte, vinte contos."


LIQUIDAZIONE
            Tradução: Antonio Tabucchi


La casa è stata venduta con tutti i ricordi
tutti i mobili tutti gli incubi
tutti i peccati commessi o in procinto di essere
                                                     [ commessi
la casa è stata venduta col suo sbattere di porte
col suo vento incanalato la sua vista sul mondo
i suoi imponderabili
per venti, venti soldi.

Friday, October 30, 2009

Estoria da Estoria III

A mulher e seus peixes.
Eva trabalha numa loja de aquarios e peixes ornamentais.
Num local tão improvável quanto o segundo subsolo de um shopping de periferia. Nivel -2 do estacionamento.

Eva tem dois filhos. O marido desapareceu, um dia.

Tuesday, October 27, 2009

Brasilia: cosmopolitismo suburbano

Longe dos predios anos 50 da administração federal, longe dos casarões espalhados nas beiradas do lago, Brasilia é recheada de sinais indicando a elementos de sua historia demografica recente. Uma cidade de imigrantes em varios níveis: desde os nordestinos vindos na poeira dos tratores cinquenta anos atras, até a classe média elevada a funcionalismo público federal ou distrital, transportada em mala, cuia, cadernos de estudos, e publicações preparatórias para exames de admissão à carreira pública, para pleno cerrado central.

Então eu saio a andar pelas quadras do Sudoeste, por exemplo, e descubro, espantado, a quantidade enorme de salões de beleza espalhados. Apinhados: dois, tres, quatro, cinco até, por quadra. De onde vem a demanda por tantos salões de beleza? Da população jovem, solteira, chegada a não-muito tempo de outras paragens. Ao regime de trabalho de seis horas, que deixa sempre tempo livre para refazer as unhas, arrumar o cabelo, antes de almoçar no self-service perto de casa e partir para o trabalho.

Retraco meus passos pela mesma região, escarafinchando cantos de quadras, superblocos, ruas sem saída: nessa região cara de morar - para uma classe média recém chegada - com filas enormes de potenciais inquilinos em busca de apartamentos para alugar, é impossível encontrar uma livraria. Nem um sebo, sequer.

Amsterdam. Ian McEwan III


"Each day he made attempts, little sketches, bold stabs, but he produced nothing but quotations, thinly or well disguised, of his own work. Nothing sprang free in its own idiom, with its own authority, to offer the element of surprise that would be the guarantee of originality."

(...)

"We know so little about each other. We lie mostly submerged, like ice floes, with our visible social selves projecting only cool and white. Here was a rare sight below the waves, of a man's privacy and turmoil, of his dignity upended by the overpowering necessity of pure fantasy, pure thought, by the irreducible human element - mind."


"Cada dia ele experimentava, pequenos esboços, tentativas arrojadas, mas não produzia nada além de citações, bem ou mal disfarçadas, do seu próprio trabalho. Nada surgia livre em sua própria lingua, com autoridade própria, para oferecer o elemento de surpresa que seria a garantia de orginalidade."

(...)

"Sabemos tão pouco uns dos outros. Existimos quase completamente submersos, como icebergs, nosso eu visível projetando apenas brancura e frescor. Aqui estava uma visão rara por sob as ondas, da privacidade e desordem de um homem, sua dignidade subjugada pela irresistível necessidade da pura fantasia, do puro pensamento, por esse elemento humano irredutível – a mente."

- Tradução: Iran Rodrigues

Estoria da Estoria II

Planes turning in scrap metal at the airports in Rio de Janeiro, São Paulo, Cape Cod.
Rusting in thin air.
Forgotten by the runaways continuously treaded by newer machines, silently watching their newer counterparts going by, while the stain of rusting metal goes unwashed by uncounted rainfalls. Slowly being disembodied; repository of scrap parts and reminders of a history of air travel in Brazil.
The man who repairs planes, but never flew.
Colorado/Arizona plane cemetery.

Saturday, October 24, 2009

Hombre y su niña. La niña y su hombre


Passing days.

At the Botanical Gardens. Buenos Aires, Argentina.
Una mezcla di esperanza y resignación.
Soy yo. Somos nosotros.

"Un dia, quizás? Más probable que non. Che continuamo ad essere solo un uomo perduto nei libri, nelle estorie, nela sua stessa negazione di vivere; di vivere, poi, la sua stessa vita."

Guimarães Rosa en español


Gran Sertón: Veredas
Publicado en Argentina: junio de 2009

"Le explico: el diablo rige dentro del hombre, en las asperezas del hombre - o es el hombre arruinado, o el hombre de los reveses. Suelto, por sí, ciudadano, no hay diablo alguno. ¡Ni unito, es lo que le digo! ¿Concuerda? Sea franco conmigo: es alta merced que me hace; pedir eso puedo, encarecidamente."
- Tradução: Florencia Garramuño y Gonzalo Aguilar 

Monday, October 5, 2009

On Art and Literature - Marcel Proust I


A race accursed

Other voices, other rooms - Truman Capote IV

"But we are alone, darling child, terribly, isolated from each other; so fierce is the world's ridicule we cannot speak or show our tenderness; for us, death is stronger than life, it pulls like a wind through the dark, all our cries burlesqued in joyless laughter; and with the garbage of loneliness stuffed down us until our guts burst bleeding green, we go screaming round the world, dying in our rented rooms, nightmare hotels, eternal homes of the transient heart."

-- Capote is brilliant in this book.
Metaphors, hyperboles, innuendos, irony, come around in every paragraph. The exotic scent of a luxuriant, decrepit and maddening hot South is everywhere to be found.
The speaker here reminds me of Marcel Proust in his room, dreamily writing about the Marquis de Quercy and "a race accursed".

Other voices, Other rooms - Truman Capote III



"Let me begin by telling you that I was in love. An ordinary statement, to be sure, but not an ordinary fact, for so few of us learn that love is tenderness, and tenderness is not, as a fair proportion suspect, pity; and still fewer know that happiness in love is not the absolute focusing of all emotion in another: one has always to love a good many things which the beloved must come only to symbolize; the true beloveds of this world are in their lover's eyes lilac opening, ship lights, school bells, a landscape, remembered conversations, friends, a child's Sunday, lost voices, one's favorite suit, autumn and all seasons, memory, yes, it being the earth and water of existence, memory."

"Deixe-me começar dizendo que eu estava apaixonado. Uma declaração ordinária, é verdade, mas não um fato ordinário, já que tão poucos entre nós aprendem que amor é ternura e ternura não é, como uma grande parte suspeita, pena; e ainda menos dentre nós sabem que felicidade no amor não consiste na concentração absoluta de uma emoção em outra: é preciso sempre amar muitas coisas que a pessoa amada chega apenas a simbolizar; nesse mundo, aqueles verdadeiramente amados são, aos olhos de quem os ama, liláses se abrindo, as luzes de um navio, sinos da escola, uma paisagem, conversas relembradas, amigos, o Domingo de uma criança, vozes perdidas, o terno favorito, outono e todas as estações, memória, sim, essa sendo terra e água da existência, memória."
- Tradução: Iran Rodrigues

Fragmento I

sonhara que havia rompido relacoes consigo. Suando num calor de agosto, acordara lentamente consciente de que agora sim, sem rompantes de raiva __, ela havia enfim partido. Rasgado todas as fotos, queimado as fitas com as gravacoes no estudio, quebrado a porcelana que compramos em Yorkshire, trocado a fechadura das portas, jogado fora os lençóis de cama, entornado imbebidas as garrafas de champagne e os vinhos de bourdeaux, espicaçado em centenas de pequenos pedacos coloridos os cartões de natal, de aniversário, de saudades, de vontadedeteverdenovo, os bilhetes deixados na porta da geladeira, as fotos juntos com os jacarés e até os guarda copos que trouxemos de cedar key...

Friday, October 2, 2009

Other voices, other rooms - Truman Capote II

"Joel gazed down on the jumbled green, trying to picture the music room and the dancers (...), but the willows were willows and the goldenrod goldenrod and the dancers dead and lost. The yellow tabby slunk through the lilac into tall, concealing grass, and the garden was glazed and secret and still."

Thursday, October 1, 2009

Other voices, other rooms - Truman Capote

"The Brain may take advice, but not the heart, and love, having no geography, knows no boundaries"

Tuesday, September 29, 2009

On Chesil Beach - Ian McEwan II


"(...) it seemed to him that an explanation of his existence would take up less than a minute, less than half a page. What had he done with himself? He had drifted through, half asleep, inattentive, unambitious, unserious, childless, comfortable."







["Che aveva fatto di sé? Si era lasciato trasportare, fra il sonno e la veglia, distratto, senza ambizioni, senza un progetto serio. [...] Finalmente poteva ammettere con se stesso di non avere mai incontrato nessuno, uomo o donna che fosse, che la uguagliasse in serietà". ]

 Photo: Gianni Berengo Gardin

Saturday, September 26, 2009

Estoria da Historia III

Os nomes das cidades.
Em Portugal, pequenas estorias desses nomes.
O que me (nos) atrai neles?
O que fazem ressoar dentro da gente?
Figueira da Foz... na desembocadura do rio Mondego.

Tuesday, September 22, 2009

Estoria da Historia II

Rio de Janeiro, 1948.
Governo Dutra.
"Não chegava a ser uma democracia, mas não era a ditadura de Vargas sob o Estado Novo.
...
Respirava-se melhor. (JFS, Leila Diniz)"

Quais foram as mudanças? E pra quem mudou?
Quais setores da população 'respiravam melhor' e pra quem 'não mudou nada' ?

A estória de duas familias. De duas pessoas. De um casal.
Do Rio.

Estoria da Historia I

Sobre os privilégios da Administração Pública, quando esta é parte em uma ação judicial.
Juízo privado;
Prazos dilatados;
Duplo grau de jurisdição;
Processo especial de execução;
Prescrição quinquenal;
Pagamento das despesas judiciais;
Restrições à concessão de liminar e à tutela antecipada;
Restrições à execução provisória.

Origens; história do desenvolvimento;
Conexão com a história, importancia, e usos do Estado.
Estamento e Faoro.

Saturday, September 19, 2009

On chesil beach - Ian McEwan

"This is how the entire course of a life can be changed - by doing nothing."

Friday, September 18, 2009

Cerrado - Brasilia I



Chove em Brasilia. A agua lavando todo esse barro vermelho
que recobre as coisas. O serrado todo Diadorim, outros sonhos. Riobaldo sou eu.

Tuesday, September 15, 2009

New Favorite - alisson kraus

"Why do you lie about love?
I saw the light go out"


just how old is this age-old question?

Sunday, September 13, 2009

Estoria da Estoria I

Os diários de Carlos Brandão.
10 anos contados em +400 paginas.
Frases inconclusas.
Lots of verbo + substantivo.
Poucos pronomes. Poucos adjetivos.
(feito a descrição de Darwin nos seus diários).

Saturday, September 12, 2009

Estoria da Historia I (O arquivista real)


O Arquivista do Rei. (O arquivista real)
Luiz Joaquim dos Santos Marrocos (Lisboa 1781 - Rio de Janeiro 1838).

dois livros escritos. Um foi uma traducao. nenhum deles publicado.
Levou ao Brasil a biblioteca real - esquecida no cais de Lisboa durante a partida apressada da corte portuguesa em 1807.
Filho de Francisco José, era, como o pai, funcionário do rei, trabalhando na Real Biblioteca portuguesa.
Traduziam obras estrangeiras, catalogavam e guardavam livros e documentos raros.

Ficava num pavilhao do Palácio da Ajuda.
tinha +60,000 volumes.
maior do que a de Thomas Jefferson, do Congresso americano.

Marrocos viveu no Brasil entre 1811 e 1838.
Escreveu 186 cartas entre junho de 1811 e marco de 1821.
Rompeu com a familia (a ultima carta sugere isso), que nao aceitou seu casamento com uma brasileira e consequente "abrasileiramento".

Saturday, September 5, 2009

grande sertão xvi


"Moço: toda saudade é uma espécie de velhice." (40)

grande sertao xv

"Falar com o estranho assim, que bem ouve e logo longe se vai embora, é um segundo proveito: faz do jeito que eu falasse mais mesmo comigo. Mire veja: o que é ruim, dentro da gente, a gente perverte sempre por arredar mais de si. Para isso é que o muito se fala?" (39)

Friday, September 4, 2009

grande sertao xii

"Porque, nos gerais, a mesma raça de borboletas, que em outras partes é trivial regular - cá cresce, vira muito maior, e com mais brilho, se sabe; acho que é do seco do ar, do limpo, desta luz enorme." (28)

grande sertao xi


"Por esses longes todos eu passei, com pessoa minha no meu lado, a gente se querendo bem. O senhor sabe? Já tenteou sofrido o ar que é saudade? Diz-se que tem saudade de idéia e saudade de coração..." ''(26)

grande sertao x

"Lá gêia até em costas de boi, até nos telhados das casas. Ou no Meãomeão - depois dali tem uma terra quase azul. Quen não que o céu: esse é céu-azul vivoso, igual um ovo de macuco. Ventos de não deixar se formar orvalho... Um punhado quente de vento, passante entre duas palmas de palmeira... Lembro, deslembro." (26)

grande sertao ix

"Lua de com ela se cunhar dinheiro. Quando o senhor sonhar, sonhe com aquilo." (26)


"Luna de con ella acuñar dinero. Cuando el señor sueñe, sueñe con eso." (39)
Tradução: Florencia Garramuño y Gonzalo Aguilar           

"Une lune telle qu'on en frapperait du bel argent. Quand vous rêverez, rêvez de ces choses." (41)
Tradução: Maryvonne Lapouge-Pettorelli     

"Una luna de coniarci danaro. Quando vossignoria sognerà, quello deve sognare." (25)
Tradução: Edoardo Bizzarri          

Grande Sertao viii

"Bem-querer de minha mulher foi que me auxiliou, rezas dela, graças. Amor vem de amor. Digo. Em diadorim, penso também - mas Diadorim é a minha neblina..." (24)

"El buenquerer de mi mujer fue que me ayudó, sus rezos, gracias. Amor viene de amor. Digo. En Diadorim también pienso, pero Diadorim es mi neblina..." (38)

- Tradução: Florencia Garramuño y Gonzalo Aguilar

grande sertao vii



"Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar." (16)


"Vivir es muy peligroso... Querer el bien con demasiada fureza, de forma equivocada, puede estar ya siendo querer el mal, para empezar." (31)
- Tradução: Florencia Garramuño y Gonzalo Aguilar

grande sertão vi

"Há-de, não me dê crime, sei que não foi. E mal eu não quis. Só que uma pergunta, em hora, às vezes, clarêia razão de paz." (8)

"¡Ah, ya sé, no se me enoje, sé que no fue usted! Y no buscaba pelea. Sólo que una pregunta, en el momento indicado, a veces, alumbra razón de paz." (24)

- Tradução: Florencia Garramuño y Gonzalo Aguilar

grande sertão v



"Ah, que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos.." (8)

"¡Qué tontería! Lugar sertón se ensancha: es donde los pastos no tienen límite..."
    - Tradução: Florencia Garramuño y Gonzalo Aguilar

grande sertão iv

"O senhor ri certas risadas..." (7)

Thursday, September 3, 2009

Grande sertao III

"Fui cativo para ser solto? (...) Mesmo na hora em que eu for morrer, eu sei que o Urucúia está sempre, ele corre. O que eu fui, o que eu fui. E esses velhos chapadões.. (...) Dentro de mim eu tenho um sono, e mas fora de mim eu vejo um sonho - um sonho eu tive." (435)


"¿Fui cautivo, para ser libre? (...) Incluso en la hora en que yo me muera, yo sé que el urucuia estará siempre, que él corre. Lo que yo fui, lo que yo fui. Y esas viejas llanuras.. (...) Dentro de mí yo tengo una soñolencia pero fuera de mí io veo un sueño: tuve un sueño."
  - Tradução: Florencia Garramuño y Gonzalo Aguilar

Grande Sertao II

"Diadorim era o que estava alegrinho especial: só se ele tinha bebido. Diadorim, de meu amor - põe o pezinho em cera branca, que eu rastreio a flôr de tuas passadas." (434)

"Diadorim era el que estaba especialmente contentito: a no ser que él hubiese bebido. Diadorim, pon el piecito de mi amor en cera blanca, que yo rastreo la flor de tus pasos."
  - Tradução: Florencia Garramuño y Gonzalo Aguilar

Grande Sertao I



"Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem - ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum! - é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco - é alta mercê que me faz: e pedir posso, encarecido."

"Le explico: el diablo rige dentro del hombre, en las asperezas del hombre - o es el hombre arruinado, o el hombre de los reveses. Suelto, por sí, ciudadano, no hay diablo alguno. ¡Ni unito, es lo que le digo! ¿Concuerda? Sea franco conmigo: es alta merced que me hace; pedir eso puedo, encarecidamente."
- Tradução: Florencia Garramuño y Gonzalo Aguilar

Thursday, July 30, 2009

Tarde e castanheiras ao sol

Twenty something years later and I am
still stuck to the ghostly vision.
Afternoons of castanheiras ao sol. Cats on window sills.
Silences.

Where did I step into this time warp?
Have I been drowning, since then?
and not a single drop became word...

Monday, July 20, 2009

labyrinths

Riddletown, missing link
labryrinth, mandala, road split
crossroads, five points
journey home
ariadne's thread